Falecimento do José Joaquim Boaventura de Sousa Vahia da Cunha Lima - 254/1954
É com pesar que informamos que faleceu no passado dia 1 de Dezembro o nosso camarada José Joaquim Boaventura de Sousa Vahia da Cunha Lima - 254/1954.
Abaixo se transcreve o elogio fúnebre do Eduardo Pinto Basto - 318/1954.
Meus caros amigos e condiscípulos do curso de 54,
No mesmo dia 1 em que o país celebrava a independência ele venceu a dependência da matéria.O Zé Cunha Lima, o 254 que conhecíamos desde que nos conhecemos todos quando entrámos para o Colégio, morreu, não vítima, mas sim depois de ter serenamente acordado uma paz com o cancro a que resistiu durante três anos.
Perdemo-lo de vista mas guardamo-lo na memória colectiva dos que ficam. A maior parte de nós, naturalmente, não terá acompanhado a sua vida pelo que faço aqui um brevíssimo resumo com a certeza de um dever e de um acto de camaradagem para com ele. O Zé foi toda a vida uma daquelas personagens paradigmáticas que se encontram nos livros de aventuras.
Entre sucessos que partilhava com os amigos e revezes de fortuna de que nunca se queixou, o Zé andou pelos quatro cantos do mundo, conheceu reis e presidentes, sobreviveu a um naufrágio, foi por terra, ida e volta, de Lisboa a Katmandu atravessando por duas vezes o palco da guerra Irão/Iraque e muitos mais episódios que alongariam esta mensagem desnecessariamente.
Como sabemos e naquilo que, em particular, se refere ao nosso curso, um grupo com uma parte de história comum vivida de uma forma, ela própria, pouco comum, lembrar é mantermo-nos vivos até que o último de nós possa ainda recordar todos os outros. E essa é a maior singularidade do pensamento: sobrepor-se à matéria e dela guardar apenas as referências de lugares que marcaram vivências de alguns percursos paralelos quando não o mesmo. Ainda bem que nos temos uns aos outros. 254 até sempre!
Saudações colegiais.
Eduardo Pinto Basto (318/54)
Paz à sua alma. Zacatraz.